Medicamentos durante a amamentação

São frequentes as vezes em que uma mãe a amamentar precisa de tomar medicamentos, seja para uma doença crónica, seja para uma afecção menos importante como uma gripe, uma dor leve, ou qualquer complicação relacionada com a gravidez ou período perinatal . As preocupações relacionadas com os malefícios potenciais para o bebé são frequentemente a causa para a suspensão ou interrupção do aleitamento materno. A maior parte das vezes, de forma incorrecta. Isto significa privar o bebé de todos os benefícios que a amamentação lhe poderia proporcionar.

A utilização de medicamentos durante a amamentação requer uma ponderação entre, por um lado, os benefícios do uso do medicamento pela mãe e, por outro, o risco de não amamentar ou de sujeitar o bebé aos efeitos potenciais da exposição aos fármacos.

A exposição à droga, por parte do bebé, depende da concentração no leite materno e da quantidade de leite consumido, e a actividade farmacológica está dependente da sua absorção, distribuição, metabolismo e eliminação pelo bebé.
A transferência de um medicamento para o leite humano é predominantemente determinado por um gradiente de concentração que permite a difusão passiva de fármacos livres (não ligados às proteínas) e não ionizados. A concentração do fármaco no leite é influenciada principalmente pela concentração no sangue da mãe, e esta concentração tende a ser mais baixa em medicamentos que têm um grande volume de distribuição. Os medicamentos que têm elevado peso molecular, que se ligam fortemente às proteínas, ou que são pouco lipossolúveis tendem a não passarem para o leite em quantidades significativas.

A maior parte das drogas são excretadas no leite materno, mas em concentrações poucas vezes superiores a 1 ou 2% da dose materna, o que raramente põe problemas para o bebé.
A segurança de um medicamento durante a gravidez não é garantia de segurança durante a amamentação já que o bebé é capaz de metabolizar e excretar de forma independente a droga. Por outro lado um medicamento licenciado para uso em crianças jovens é, normalmente, seguro para ser tomado por uma mãe a amamentar.

Existem listas de medicamentos classificados pela segurança de uso na amamentação, publicadas por associações profissionais como a Academia Americana de Pediatria, e organismos internacionais como a OMS, mas pecam pela falta de actualização, mostrando-se muitas vezes datadas, pela falta de detalhe e pela ausência de muitas drogas nomeadamente as de introdução mais recente. Contudo, estes são documentos sempre úteis e de consulta facilitada, que dão resposta à maior parte das questões levantadas neste assunto.
Quando confrontados com a necessidade de avaliação das vantagens e inconvenientes de um determinado medicamento, seja no momento da prescrição, seja perante um pedido de informação já no decurso da sua toma, várias passos prévios podem ser tomados, que auxiliarão nessa avaliação e numa melhor utilização (Ver Quadro).

Existem várias bases de medicamentos disponíveis, através da Internet, para consulta, que aconselhamos, e tornam desnecessárias repetições de informação.

Factores que influenciam a segurança de um medicamento durante o aleitamento materno

1. Factores relacionados com o leite
Composição do leite (teor em lípidos e proteínas)

2. Factores relacionados com a mãe
Via de administração
Dose e duração da terapêutica
Eliminação hepática e renal

Retirado de: http://www.amamentar.net/ProfissionaisdeSa%C3%BAde/Am%C3%A3e/Drogas/tabid/211/Default.aspx

3. Factores relacionados com o filho
Idade
Quantidade de leite
Absorção do fármaco
Eliminação renal e hepática
Segurança da droga para o lactante

4. Factores relacionados com o medicamento
Constante de dissociação (PKa)
Hidrossolubilidade e lipossolubilidade
Tamanho da molécula
Biodisponibilidade oral
Toxicidade
Efeito na produção do leite
Duração de acção

Perguntas e acções possíveis para evitar os riscos potenciais dos medicamentos

· O medicamento é realmente necessário?
· Pode ser usada outra droga mais segura?
· Preferir drogas mais antigas, já estudadas e seguras, pouco excretadas no leite;
· Preferir terapêutica tópica/local a sistémica;
· Evitar combinações de fármacos;
· Escolher fármacos que passem pouco para o leite;
· Escolher fármacos que não passem ou passem pouco a barreira hemato encefálica;
· Preferir drogas que sejam usadas nas crianças;

· Escolher um horário favorável, evitando que o pico do medicamento no sangue e no leite coincida com o horário da amamentação;

· Evitar drogas de acção prolongada;
· Se existir risco, ponderar doseamento das concentrações no sangue;
· Orientar a mãe para observar a criança;
· (padrão de sono, padrão alimentar, agitação, tónus, alterações gastrointestinais);
· Orientar a mãe para retirar leite com antecedência, guardá-lo e ajudá-la a manter a lactação.

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